sábado, 25 de agosto de 2007

Onde andam


Por onde andam? Por onde caminham essas mulheres de cabelos coloridos e sorrisos largos? Por onde pisam seus pés delicados, suas mãos sujas de terra recém-fertilizada? Por onde andam as moças alegres, dançarinas aladas, fadas meninas, por onde andam? Onde se deitam seus corpos moldados por invisíveis teias, entrelaçadas umas nas outras?


Veja, lá estão as bruxas, prestes a celebrar a chegada da nova estação. Elas correm, correm no meio da mata, no vão da sala do pequeno apartamento, no jardim qualquer de uma casa, qualquer. É dia que se faz noite e noite que se faz dia, e lá vão elas, cantando uma mesma harmonia. Veja, lá vão as bruxas, anunciando uma novidade. Elas riem, sorriem e gritam, há um novo nome no ar, logo irá chegar. É outono que se transforma em primavera, é uma flor que brota no chão, e lá estão elas, escrevendo uma outra canção. Veja, aquelas são as bruxas, brincando de mudar as cores de cada festa. Marrom é roxo, preto é amarelo e azul é cor-de-rosa. É árvore que nasce e planta que morre e aquelas são elas, semeando a vida na água que escorre.

Estas são bruxas, aquelas bruxas dos contos de fadas. A verruga divertida escondida no laço que enfeita o cabelo; o caldeirão encantado repleto de rosas é visível agora. Além de maçãs, elas gostam de vinho, de música, de duendes e nomes esquisitos. No jardim do castelo, cultivam vasos de sonhos. No quarto da donzela, o espelho não é muito grande, mas cabem todas elas: as bruxas. Na cozinha da fazenda, um ar de mistério, o cheiro de pão e as portas abertas. Elas transitam por ruas de terra, pisos gelados e solos de areia. No quintal da casa há sempre uma festa e na saída para a rua, um punhado de amor para quem precisar.

Por onde andam as bruxas? Bem, algumas voltaram a andar por aqui. Ou por aí. Quem sabe? Elas sabem.


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